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  • anapires73

Ser Madrasta

Atualizado: 13 de dez. de 2022


Ha 6 anos, amanheci madrasta.

Reencontrei meu amor de adolescência, havíamos namorado por 8 anos, nos separamos e após 17 anos, nossas vidas se cruzaram novamente. Ele com 2 filhos, e foi assim, que da noite para o dia minha vida mudou. Quando você se torna mãe, você vive a gestação, escolhe nomes, roupinhas, a família se envolve, faz chá de bebe, chá revelação, todos se alegram e festejam. Quando se decide pela adoção, existe o tempo da espera, a preparação. Quando você se torna madrasta, é bem diferente. Não existe preparação, você não participou da escolha dos nomes, não se reconhece nos traços, na fala, inclusive na maneira como os filhos foram educados. A sociedade te questiona, tantos moços solteiros, você poderia ter seus próprios filhos, e tantas outras falas que doem na alma.

Não era meu sonho de infância, aliás, não conheço quem diga, quando crescer quero ser madrasta.

Eu não fiz enxoval, não escolhi nomes, não vi quando cada um deles disse a primeira palavra, deu seu primeiro passo, e confesso, as vezes quando vejo algum machucado pelo corpo, penso, como será que aconteceu? Eu não estava lá. Quantas histórias não me pertencem.

E sinceramente, essas dores, são só nossas, das madrastas, infelizmente, as sentimos sozinhas. E foi por senti-las, por viver esse universo tão diferente do que quando menina eu sonhei, que hoje estou aqui contanto um pouco do que vivi e mostrar que é possivel ser diferente. Não tive rede de apoio, e isso me fez muita falta!

Não aprendi a ser madrasta, ninguém me ensinou,

Não sou uma madrasta perfeita, mas na verdade, quem é?

Mas posso afirmar, que busco a cada dia ser melhor, aprendendo com essa relação, que apesar de não ter sido sonhada, é tão linda e rica.

Ser madrasta é cultivar amor por alguém que você nunca imaginou que fosse existir.

Mas, de repente, eis que você se vê assim, apaixonada por um ser que não nasceu de você e que você nem sabe se vai corresponder ao seu afeto.

Amar quem não tem seus olhos, seu sorriso, é uma escolha. E eu escolhi amar! Escolhi viver, aprender e acolher.

Nas histórias da Disney, somos as malvadas. Na sociedade seremos eternamente julgadas. Na vida real, educamos, aconselhamos, amamos, levamos a escola, ao cinema, cozinhamos, colocamos limites, nos alegramos com suas conquistas e choramos com suas dores.

E no final das contas, ser madrasta para mim é desenvolver uma relação de amor que não veio junto com a dor do parto, mas que pode gerar laços fortes de amizade, carinho, respeito e acima de tudo amor.



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